Engraçado o contraste que enxergo na sociedade quando me deparo com cenas típicas de favelas e periferias nos bairros de Juiz de Fora. Sabe aquelas cenas que você só vê pela televisão? Ou melhor, achava que só via na televisão. Então, são essas as imagens que encontramos ao caminhar pelos bairros periféricos da nossa cidade.
A falta de higiene e as soluções momentâneas para problemas que, se não resolvidos, tornam-se mais graves ainda. O mínimo que se pode oferecer àqueles que pagam seus impostos e, por isso, devem receber o mínimo de respeito, é a higienização das ruas onde estes mesmos cidadãos residem e criam suas famílias.
Mas não é isso que vemos acontecer em Juiz de Fora. Enquanto a prefeitura investe em embelezamento no centro da cidade, os bairros ficam esquecidos. E isso nos leva à seguinte indagação: as políticas públicas não trazem consigo, mesmo que de forma implícita (e muitas vez, explícita), uma série de diferenças entre quem reside no centro e aqueles que moram nos bairros afastados? O que as pessoas que moram no centro têm de especial que as de classe menos favorecida não têm?
Sujeira, descaso e lixo. Fotos: Dudu Mazzei |
Seria interessante pensar nesta questão na época das eleições. Vale lembrar que a população dos bairros em conjunto é muito maior do que a do centro. E enquanto a maioria que elegeu seu representante deveria ser “recompensada”, são deixados de lado uma vez que já “prestaram seu serviço”.
Não se precisa procurar muito para enxergar a falta de cuidado para com a sociedade. As ruas estão em estado caótico, córregos, e esgotos a céu aberto podem ser vistos por toda a parte. Nos Bairros Santa Luzia e Nossa Senhora de Lurdes, escadas são construídas sem o mínimo de segurança para, em seguida, serem esquecidas, se transformando em verdadeiros lixos a céu aberto e, muitas vezes, em pontos de tráfico.
Lixo e sujeira acumulados com as chuvas são colocados em cima das calçadas, impossibilitando o pedestre de usar um espaço destinado a eles próprios. Um serviço que, naturalmente, não representa políticas públicas de qualidade mínima para com o cidadão. Sabemos que o lixo deveria ter sido deslocado e encaminhado ao seu destino, que provavelmente não seria uma calçada pública. Acrescente-se a isso o modo como o corte de gramas e mato em geral é feito, deixando restos de material orgânico a céu aberto
Como chamar esta cena de mero decuido? Fotos: Dudu Mazzei |
O lixo ainda continua, em muitos pontos, sendo jogado em cantos, se acumulando nas bocas de lobo e, com isso, impedindo o fluxo das águas das chuvas, fator que pode contribuir para outro mazela social: as enchentes. Temos então, como conseqüência, milhares de pessoas desabrigadas em todo o país.
A questão envolve muito mais problemas do que parecer. Uma reflexão, profunda quando analisadas fotos como as tiradas pelo fotógrafo Dudu Mazzei, nos leva a concluir, ou melhor, a querer acreditar que todo esse transtorno não passa de um “descuido”. Talvez seja melhor pensar assim, pois um descuido logo pode ser resolvido, e é isso o que todos nós esperamos que aconteça. Mas quando tais problemas são persistentes e passam a fazer parte da vida cotidiana, eles se tornam muito mais que meros “descuidos”. São reflexos do tipo de políticas públicas que impera em nossa realidade cotidiana.
A solução dos problemas de uma população que ainda não desistiu. Mas uma hora cansa!
Nathália Fajardo
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