segunda-feira, 9 de maio de 2011

Atrás daquele muro



A rua A, no bairro Santa Efigênia, é um verdadeiro celeiro de ideias e personagens interessantes. Quem passa por ela não imagina o quanto este trecho precisa de atenção e investimentos em políticas públicas.
Para começar, ela é a principal via de acesso à escola Estadual Antonino Lessa - a escola de  é a referência para a maioria das crianças e jovens. É lá que eles passam a maior parte do seu dia e, porque não, da sua vida. É na escola do bairro que os alunos brincam, jogam bola e também arrumam confusão.
Segundo o estudante, Elias Arruda, de apenas 15 anos, a população do bairro já fez várias manifestções, reivindicando melhores calçadas, saneamento básico e transporte para a rua. No entanto, não recebe uma resposta para seus problemas.
“A Prefeitura não dá ouvidos à comunidade porque ela não se organiza, não prepara um documento ou ofício para apresentar seus problemas”, diz o presidente do bairro Eliel Dias. Ele está no cargo há menos de um mês e conta com a difícil missão de levantar e tentar resolver os problemas do bairro.
 Entre os projetos de Eliel está a parceria entre ele e as lideranças que foram se formando ao longo do tempo na comunidades. Para ele, cada ponto do bairro tem uma ou mais pessoas engajadas e prontas para ajudar a resolver as questões locais.
Outra que está à frente das carências do bairro é dona de casa Glória Ribeiro, vizinha de Elias e que mora bem em frente a um terreno abandonado da Prefeitura. Ela acredita que a área poderia se transformar em algum bem para a comunidade, mas teme que ele se torne mais um ponto de venda e consumo de drogas.
O terreno está fechado e entre as principais reclamações dos moradores está o fato de que nele existem focos do mosquito da dengue, muito lixo, uso de drogas. Já aconteceram, inclusive, casos de estupro em seu interior. Ou seja, ele é o lugar certo, no ponto errado do bairro. Se fosse tomado pela Prefeitura como uma alternativa de área de lazer ou até mesmo saúde para os moradores, mais da metade desses problemas seria resolvida.
Glória conta que, na última visita do prefeito, Custódio Matos, ao bairro, na operação da Prefeitura, “Mutirão contra a dengue”, Custódio disse que não iria reformar o posto de saúde do bairro. Iria, sim, construir um novo, e por que não aproveitar esse terreno? O fato é que o terreno está lá, cheio de lixo acumulado na esquina e proliferando doenças e animais. Um pedacinho do bairro desperdiçado pelo simples falta de um olhar atencioso das autoridades da cidade.  

Muito talento e pouco espaço 

O bairro vive uma efervecência cultural muito grande, o elenco é formado por jovens interessados em música, dança, teatro e cinema, mas enfrenta uma barreira, a falta de uma sede para a prática dessas atividades.
 A Casa de Cultura, Evaílton Vilela, atendia a essa demanda, oferecendo o espaço e as atividades à comunidade, mas por falta de investimentos está de portas fechadas. Prova disso é o seu blog, que está desatualizado desde maio de 2010. Fato que reflete o fim de cursos e oficinas de canto, instrumentos, teatro, dança, além de exibição de filmes e muitas outras atividades que preenchiam o tempo e alimentavam os sonhos dos jovens do bairro.
Mais uma vez, falta o olhar de alguém que invista nos talentos escondidos na zona sul, que tome a iniciativa de cobrar dos órgãos um espaço próprio para que a história dos jovens da comunidade tenha um final diferente de tantos outros ali.  

Aryela Ferreira

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